O que é a dieta com baixo teor de FODMAPs

Você sabia que existe uma dieta específica para o tratamento da síndrome do intestino irritável? Vamos te contar tudo sobre os planos alimentares com baixo teor de FODMAPs.
O que é a dieta com baixo teor de FODMAPs

Última atualização: 03 fevereiro, 2020

É conhecida como uma dieta com baixo teor de FODMAPs aquela na qual alguns componentes são reduzidos ou até mesmo eliminados da dieta. O acrônimo FODMAPs se refere a Oligosaccharides, Disaccharides, Monosaccharides And Polyols. Vamos falar sobre esse tipo de alimentação no artigo a seguir.

Todos esses compostos são carboidratos Quando a absorção desses compostos no nível intestinal é deficiente, eles são fermentados no cólon. De acordo com as propriedades funcionais que possuem, os FODMAPs incluem: frutose, lactose, frutooligossacarídeos – FOS –, galactooligossacarídeos – GOS – e poliálcoois.

Classificação dos FODMAPs

Cada um deles inclui características específicas para a sua hidrólise e absorção:

1. Oligossacarídeos

Frutanos e galactanos pertencem a esse grupo. Ambos são compostos por 3-10 monossacarídeos. Esses compostos estão presentes em vegetais, frutas e cereais. Eles são usados pela indústria alimentícia para fortificar produtos, por causa dos seus efeitos prebióticos.

2. Dissacarídeos

A lactose é um dissacarídeo digerido graças a uma enzima chamada lactase. A prevalência de má absorção da lactose tem uma ampla variação interindividual. Por esse motivo, existem pessoas intolerantes à lactose que toleram pequenas quantidades de leite.

3. Monossacarídeos

A frutose geralmente é fermentada quando consumida livremente. Quando digerida em combinação com outro monossacarídeo, como a glicose, por exemplo, ela é melhor tolerada. Maçã, pera e pêssego são as frutas com um teor de frutose maior do que o de glicose, portanto, o seu consumo deve ser restrito nessas dietas.

Dieta com baixo teor de FODMAPs

4. Polióis

São considerados como polióis o sorbitol, o xilitol, o manitol e o maltitol. Eles têm uma ampla presença em diferentes alimentos. Eles são muito utilizados em produtos para diabéticos por causa das suas propriedades adoçantes.

Implementação da dieta com baixo teor de FODMAPs

A implementação de uma dieta com baixo teor de FODMAPs consiste em duas fases. Primeiramente, todos os alimentos ricos em FODMAPs devem ser eliminados, enquanto em uma segunda fase eles são gradualmente reintroduzidos de acordo com a tolerância a eles.

O processo de eliminação-introdução pode ser realizado várias vezes. Isso ocorre porque, às vezes, se houver um desconforto gastrointestinal ao introduzir um determinado alimento, é necessário retornar ao estado inicial para então continuar incorporando outros.

1. Fase de restrição

Geralmente dura de 6 a 8 semanas e inclui a proibição de todos os alimentos ricos em FODMAPs para aliviar os sintomas digestivos. Alguns aspectos a serem considerados para a sua implementação:

  • Identificação dos hábitos alimentares e estilo devida da pessoa, a fim de conhecer os FODMAPs aos quais ela é exposta diariamente.
  • A explicação das bases científicas relacionadas à má absorção aumenta a adesão à dieta.
  • Instruções dietéticas específicaspreparadas de acordo com o conteúdo de FODMAPs.
  • Discussão de técnicas para lidar com situações nas quais a preparação das refeições não pode ser controlada, como acontece ao fazer as refeições fora de casa, por exemplo.

Os alimentos que devem ser evitados nessa fase são:

  • Frutas: abacate, damasco, maçã, pera, melão, manga, uvas, ameixas, frutas em conserva, tâmaras, amora, nectarina, melancia e sucos de frutas.
  • Laticínios: leite, iogurte, queijo fresco, ricota, cottage, mascarpone – sorvete, creme de leite, manteiga e produtos elaborados com leite.
  • Verduras e hortaliças: alcachofras, cebola, alho, aspargos, couve de Bruxelas, champignon, brócolis, repolho, alho-poró, beterraba, milho, escarola, cogumelos e molho de tomate.
  • Leguminosas: grão de bico, lentilha, feijão branco, ervilha, feijão vermelho, feijão, soja e derivados da soja.
  • Cereais: arroz integral, cereais e produtos integrais, espelta, amaranto, trigo e centeio. Estes últimos são tolerados em pequenas quantidades.
  • Oleaginosas: amêndoas, pistache, avelã, amendoim e castanha de caju.
  • Adoçantes: mel, xarope de milho com alto teor de frutose, sorbitol, manitol, xilitol e isomaltitol.

Além disso, doces, molhos, temperos, embutidos e carnes processadas devem ser evitados. Da mesma forma, o consumo de bebidas alcoólicas e refrigerantes também deve ser restrito.

2. Fase de exposição

Nesta fase, é necessário introduzir os alimentos restritos na etapa anterior, pouco a pouco. Devem ser escolhidos aqueles que contenham um mesmo tipo de FODMAP por vez, para determinar a quantidade de FODMAP de cada grupo que é tolerada.

Por exemplo, pequenas quantidades de maçã e pera seriam introduzidas ao mesmo tempo para conhecer a tolerância à frutose.

Isso permite a individualização da alimentação e ajuda a descobrir os gatilhos alimentares, a fim de manter a variedade de alimentos e evitar restrições desnecessárias, mas, ao mesmo tempo, mantendo o controle dos sintomas que foi alcançado na primeira fase.

Dieta com baixo teor de FODMAPs

Indicações para reduzir os FODMAPs

A mudança no plano alimentar pode se tornar uma abordagem terapêutica de primeira linha para os indivíduos que sofrem com a síndrome do intestino irritável, dado o alívio sintomático que ela produz, principalmente para as pessoas que apresentam inchaço, dor abdominal e diarreia. 

Ainda são necessários mais estudos para avaliar o efeito dessa dieta para os indivíduos com dispepsia funcional, doença do refluxo gastroesofágico, gastroparesia, sensibilidade ao glúten não celíaca, doença inflamatória intestinal e para aqueles que recebem nutrição enteral.

A seleção dos pacientes para os quais essa dieta será indicada deve ser realizada com muita cautela, pois este é um regime rigoroso, implementado por um tempo prolongado.

Para a sua realização, é necessária uma equipe composta por um gastroenterologista e um nutricionista. Por fim, não devemos nos esquecer de que a educação nutricional é fundamental, devido à sua complexidade e ao risco da ingestão inadequada de nutrientes.


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