Até que ponto a autocrítica é positiva?

Quando o resultado após uma competição não é o esperado, os atletas geralmente recorrem à autocrítica como o primeiro passo para resolver a situação. No entanto, esse exercício nem sempre é totalmente benéfico...
Até que ponto a autocrítica é positiva?

Última atualização: 11 janeiro, 2021

A autocrítica não é sempre negativa, nem sempre positiva. Todo atleta é obrigado, em algum momento de sua carreira, a exercê-la. Quando se perde um jogo que parecia fácil ou quando há dúvidas sobre o desempenho, treinadores e jogadores sempre apelam à autocrítica como o primeiro passo para a mudança.

Mais especificamente, este é um exercício de reflexão sobre o comportamento apresentado diante de uma determinada situação. Pode ser feito individualmente ou em equipe, a fim de tentar entender onde houve a falha e como isso pode ser melhorado no futuro.

A capacidade de autocrítica é uma das mais valorizadas entre os atletas. O fato de um atleta permanecer orgulhoso após uma derrota dolorosa passa uma impressão negativa sobre ele, podendo levar a problemas com o seu meio ou com a imprensa.

À primeira vista, a autocrítica pode ser uma qualidade positiva, mas, na verdade, em excesso, ela se torna uma desvantagem significativa para o atleta. A seguir, vamos avaliar como essa qualidade influencia e como ela pode ser utilizada em benefício próprio.

A capacidade de autocrítica é positiva?

De modo geral, não é negativo examinar os comportamentos a posteriori para tentar melhorar. No entanto, existe o momento e a maneira certa de fazer essa autocrítica. Se for feito na hora errada e sem levar em conta certos aspectos, esse exercício causará mais mal do que bem.

Por exemplo, não é apropriado que ele seja feito por um treinador na conversa pós-jogo, logo após a perda de um jogo importante.

Tentar encontrar explicações para o que aconteceu em meio a emoções intensas pode ser prejudicial, uma vez que as emoções negativas nos impedem de pensar com clareza e de racionalizar sobre o que aconteceu.

Por outro lado, a autocrítica também se torna problemática quando o atleta recorre a ela excessivamente, principalmente para se culpar por situações que fogem ao seu controle.

Por exemplo, depois de sofrer um acidente que termina em uma lesão, de nada adianta se culpar porque esta é uma situação imprevisível que poderia acontecer com qualquer pessoa.

Há publicações acadêmicas que destacam que a autocrítica é uma ferramenta poderosa, capaz de contribuir com coisas positivas, como, por exemplo, iniciar um processo de mudança, mas que também pode ser uma fonte de desconforto e emoções negativas.

Autocrítica é positiva ou negativa

Como fazer a autocrítica de forma positiva

Conforme foi dito na seção anterior, existe um momento e condições adequadas para que o exercício da autocrítica seja benéfico para o atleta ou para a equipe, quando feito em grupo. Veremos alguns deles em detalhes:

1. Critique comportamentos, não pessoas

Um dos princípios fundamentais para ter em mente é o de questionar os comportamentos, não as pessoas. É preciso saber separar a pessoa dos seus comportamentos, e se concentrar em analisar os últimos. No final das contas, o que se busca é mudar as ações.

Outra razão para não realizar ataques pessoais é o fato de que precisamos ter em mente que o erro é uma parte inerente do ser humano. Todos nós cometemos erros em algum momento das nossas vidas e apontar para a pessoa não é uma maneira eficaz de resolvê-los.

2. O que você fala é tão importante quanto a forma como você fala

Fazer um exercício de autocrítica requer boas habilidades de comunicação, especialmente quando isso é feito em grupo. Ninguém gosta de ouvir que falhou ou que o seu desempenho não foi o esperado. Por isso, são muito importantes não só as palavras usadas, mas também o tom e os gestos que as acompanham.

Existem muitas maneiras de criticar o comportamento de outra pessoa com respeito. Uma delas é a técnica do sanduíche.

Essa técnica consiste em primeiramente dizer algo de positivo sobre a pessoa, então dizer o que deve ser mudado e terminar com outro aspecto positivo. Esta é uma forma de suavizar as críticas e reconhecer que também há qualidades positivas.

3. Concentre-se nas coisas que estão sob o seu controle

É muito comum que os atletas, principalmente os mais perfeccionistas, tentem se culpar ou se sentir responsáveis ​​por coisas que não estão sob o seu controle. A autocrítica deve ser feita em relação a comportamentos pelos quais somos responsáveis ou diante de situações diretamente causadas pelas nossas ações.

É preciso ter em mente que acidentes acontecem e que não há razão para explicá-los. Além disso, focar em coisas incontroláveis ​​é uma fonte de distração que impede o atleta de concentrar os seus recursos na mudança pessoal.

Autocrítica é positiva ou negativa

4. Procure também os pontos positivos

Muitas vezes focamos apenas no lado negativo após um momento difícil, quando, na verdade, sempre é possível obter aspectos positivos a partir de qualquer situação. Buscar o lado positivo em situações desagradáveis ​​ajuda a relativizar o que aconteceu.

Além disso, esta também é uma forma de proteger a autoestima e evitar que os erros afetem a confiança de forma negativa. Por mais que erros tenham sido cometidos, o atleta não deve duvidar das suas habilidades e recursos.

Faça da autocrítica a sua aliada para a mudança

Fazer um exercício de autocrítica pode ser algo benéfico e, às vezes, muito necessário, para evitar erros futuros e melhorar o desempenho. No entanto, é preciso ter um cuidado especial porque ela pode facilmente ser mal interpretada, tornando-se assim um ataque pessoal.

Por fim, tenha em mente que gerar conflitos com as outras pessoas é prejudicial para o grupo, por isso é conveniente encontrar um momento de descontração e um local agradável para fazer a autocrítica. É melhor deixar passar alguns dias do que fazê-la enquanto as emoções estão à flor da pele.


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  • De Rosa, L., Dalla Valle, A., Rutsztein, G., y Keegan, E. (2012). Perfeccionismo y autocrítica: consideraciones clínicas. Revista Argentina de Clínica Psicológica, 21(3), 209-215.

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